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Moção de repúdio

Tendo em vista o processo de precarização da universidade após a implementação do REUNI e as medidas autoritárias da atual administração que intentam dissolver a organização dos estudantes nos parece necessário que as entidades do movimento estudantil se expressem em relação a isso de modo oficial.

Historicamente os estudantes se posicionaram contra o cerceamento das liberdades, tanto mais quando essas tentativas de restrição objetivaram ferir a ação coletiva organizada. Assim a medida que consideramos que a administração da UFU tem incorporado a arbitrariedade e se pautado por atitudes anti-democráticas, nós, enquanto estudantes e sendo o grupo mais prejudicado nesse processo, não teríamos uma postura coerente se assumíssemos uma postura passiva, supostamente neutra ou que convergisse para o não enfrentamento.

Não poderíamos tampouco aceitar os constantes ataques que têm sido deflagrados contra o Movimento Estudantil e que se materializam no dificulta mento do transporte a eventos com conotação política ou ainda no corte de recursos destinados a atividades tradicionalmente promovidas na universidade pelos estudantes, como a Calourada.

No entanto, a prova mais cabal disso se atesta a aversão ao debate democrático pelos carcomidos setores conservadores que regem nossa universidade, se expressam nas seguidas tentativas de proibição da venda de bebidas nos espaços físicos dos Campi.

Seríamos ingênuos se nos iludíssemos com as moralistas explicações dadas pelo reitor e seus confrades de que somos imaturos ou incapazes de controlarmos nosso consumo de álcool em nossas confraternizações. Seríamos ainda mais tolos se não víssemos o intuito de fragmentar o Movimento Estudantil subjaz a essas palavras maquiadas sob um tom paternalista.

Por sua vez a precarização da universidade desde 2008 com a efetivação do REUNI tem se concretizado. Com a voz dos professores competindo com o barulho de serrotes e marteladas somos obrigados a assistir nossas aulas. Consequência clara do mau planejamento de expansão física da UFU, refletindo também na não  eficiência do R.U., com filas demoradas e falta de logística na alocação do espaço interno.

Ademais, nos deparamos com a criação de Campi sem salas ou a insuficiência do número de trabalhadores em educação, como no já existente Campus Pontal, ou nos futuros Campi de Patos de Minas e Monte Carmelo.

A isso se soma o ainda mais antigo e nefasto processo de terceirização. Vemos aí a instabilidade gerada a esses servidores e que expressa suas piores facetas na camuflada terceirização do R.U. ou na truculência do sistema de vigilância mal preparado para lidar com pessoas.

Acreditamos que a universidade deve ser mais do que uma linha de fábrica onde forma mão-de-obra funcional para o mercado de trabalho. Acreditamos que a universidade deva ser um espaço de crescimento intelectual, mas também deva ser um lugar de sociabilidades e desenvolvimento político e cultural dos indivíduos. No entanto, isso é ameaçado toda vez que aqueles que gerem alguma entidade tomam para si posturas ditatoriais.

Temos exemplos recentes da falta de diálogo acompanhadas de medidas autoritárias que acabam por restringir a autonomia de cada entidade do Movimento Estudantil de organizar seus próprios eventos.

Não ficaremos mudos, nem fecharemos os olhos. O que está em jogo são direitos dos estudantes e que, ao contrário do que os setores conservadores da universidade querem nos fazer crer, não se resumem ao consumo de bebidas. Mais ainda, são necessidades, uma vez que queiramos construir uma universidade democrática não só no âmbito do discurso, mas na sua mais plena concretude.

Diante do exposto exigimos:

– uma universidade que garanta a democracia e autonomia e, que tenha liberdade e disposição da atual administração para o diálogo com os estudantes.

-que seja elaborada uma política de uso dos espaços físicos atendendo às necessidades dos estudantes.

-que a expansão seja feita de forma consciente e planejada garantindo que a universidade seja de fato pública, gratuita e de qualidade atendendo as demandas de pesquisa, ensino e extensão.

* Aprovada em Reunião do Conselho de D.A.s e C.A.s do dia 27/05/2010.

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Vídeo Fora PM – Greve USP.

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