Arquivo do mês: julho 2010

CAHIS Divulga: Revista História & Perspectivas n.42 – On Line – Fontes Orais: Perspectivas para Investigação

Já está disponível o novo número on-line da Revista História & Perspectivas – Dossiê Fontes Orais.

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Revista História & Perspectivas

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Eleições para Coordenador de Curso – 2010

A pedido do professor Alexandre Sá Avelar, segue mensagem abaixo (e em arquivo pdf) sobre candidatura única a Coordenador dos Cursos de História.

Saudações libertárias.

Diego Marcos Silva Leão
Coordenadoria de Comunicação
CAHIS-UFU  2010
Centro Acadêmico dos Cursos de História da Universidade Federal de Uberlândia
Gestão: “O impossível é dever de tod@s”
Visite o Blog do CAHIS: http://www.cahisufu.wordpress.com
Entre para nossa comunidade no orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=101409046

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Prezados alunos:

Em agosto haverá o processo eleitoral para a escolha do novo coordenador do curso de História e serei candidato único. A idéia do meu nome surgiu a partir de diversas reuniões entre vários colegas, o que me assegura uma importante base de apoio para o trabalho que virá pela frente. Houve também uma total reformulação nos professores que participam do colegiado.

Acredito, contudo, que o trabalho da Coordenação não se esgota no simples tratamento de questões burocráticas e na resolução dos inevitáveis problemas administrativos que sempre surgem e surgirão. A presença dos alunos é essencial na reflexão sobre os rumos do nosso curso e na proposição de novas idéias e projetos. O CA de História, como principal instância representativa dos estudantes da graduação, deverá ser um interlocutor constante e participativo junto à coordenação. O diálogo – que pretendo que se estabeleça a partir de agora – deverá ser o norte do nosso trabalho, de caráter coletivo e integrado.

Saudações

Prof. Alexandre de Sá Avelar

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Arquivo em pdf:

Mensagem aos alunos do curso de Historia – Prof. Alexandre

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0 Tommie Smith, ex-atleta e símbolo do “black power” “Tive medo a vida inteira”

Tommie-Smith_1

Por Juan Morenilla

Poucos gestos significaram tanto no esporte. O protesto feito pelos norte-americanos Tommie Smith e John Carlos nos Jogos Olímpicos do México, em 1968, simbolizou a luta contra a segregação racial.
Ainda que, como recorda 40 anos depois do ouro olímpico, ele tenha destruído algo mais que sua carreira.

Tommie Smith olha fixamente ao falar. Em seus olhos não há ódio. Mas sim uma mescla de tristeza e orgulho pelo que foi sua vida. Seu gesto no alto do pódio depois de ganhar o ouro nos 200 metros (19,83
segundos) nos Jogos Olímpicos do México em 1968, com uma mão envolvida por uma luva negra em defesa da igualdade entre as raças, é um dos símbolos universais do esporte. Aquela mão direita fechada (assim como a esquerda de John Carlos) representava a luta contra a segregação racial que sempre sofreu nos Estados Unidos. Era o black power [o poder negro].

Mas também foi uma condenação para o resto de sua vida.
Este texano de 64 anos, que na quarta-feira recebeu em Madri o primeiro prêmio dedicado aos valores universais do esporte do jornal “As”, ainda se emociona ao ver aquela imagem.

Pergunta: O que o senhor se lembra da sua infância?

Resposta: Sou o sétimo de 12 irmãos. Crescemos no campo. Meus pais eram sitiantes. Cultivávamos a terra de uns brancos no sítio deles e parte da colheita ficava para nós. Quando eu tinha seis anos, mudamos para a Califórnia e continuamos trabalhando no campo, mas já cobrando.
Lembro de uma boa ética de trabalho. Era uma vida muito religiosa.
Íamos muito à missa. Os meninos brancos, é claro, zombavam de mim no colégio porque eu usava roupas de pobre.

P. Que tipo de marginalização sofriam?

R. Não podíamos fazer quase nada porque nos viam como pessoas de segunda categoria. Não podíamos andar na mesma calçada que os brancos.
Se víssemos um branco, tínhamos que sair imediatamente da calçada.
Também não podíamos compartilhar os mesmos serviços públicos. Havia banheiros para brancos, muito limpos, e para negros, mais sujos. Não havia igualdade em nenhum sentido.

P. O esporte era uma válvula de escape?

R. Era a única forma de diversão no colégio: correr, jogar beisebol…
E se transformou em parte da minha vida. Eu não cresci aspirando ser um atleta olímpico. Mais tarde usei o esporte, a partir dos 15 anos, para nos fazer ouvir. Meus pais me disseram: “Enquanto você ganhar corridas, não precisará trabalhar aos sábados”. Era fantástico para mim.

Comecei a ganhar e faltar ao trabalho. Claro que não tínhamos dinheiro nem para sapatos. Nós ganhávamos. Havia uma organização beneficente que nos dava roupas e sapatilhas. Eu não tinha nem agasalho, só uma calça curta e uma camiseta.

P. E assim o senhor se tornou, no México, o primeiro a fazer 200 metros em menos de 20 segundos, e seu recorde de 19,83 segundos se manteve durante 11 anos. Como o senhor se transformou em um dos melhores do mundo?

R. Com muito trabalho. Tinha a bênção de Deus para me dedicar ao
atletismo: a estatura, o corpo, a velocidade. Fiquei forte assim, brigando com meus irmãos, trabalhando todas as horas no campo. Foi assim que pude me transformar em alguém. Não tínhamos nada, dessa forma não tive outra possibilidade na vida a não ser lutar. Não tinha nem sequer tempo para treinar. Eu não fui treinado como um atleta.

Minha preparação foi unicamente o trabalho no campo. Quando eu voltava para a escola no outono, os rapazes me perguntavam: ‘Como você é tão rápido? Fez musculação?’ Eu não entendia o que eles diziam. Eu só havia estado no campo. Usava umas botas muito pesadas e carregava todas as ferramentas, como pás, que pesavam muito. Até ir para o instituto não havia começado a trabalhar seriamente como atleta.

P. Ali o senhor uniu o esporte com a luta contra a segregação racial.

R. Vi tantas injustiças que não podia ficar sem fazer nada. Não fiz aquele gesto de 68 por moda, mas para transformar alguma coisa. Nós, atletas afro-americanos, organizamos o OPHR [Projeto Olímpico para os Direitos Humanos]. Nossa idéia era boicotar os Jogos, mas não foi assim, e decidimos que cada um organizaria seu protesto como quisesse.
Minha vez chegou nos 200 metros. A corrida foi incrível. Eu me resguardei para a última reta, mas não tinha nem idéia do que poderia acontecer na cerimônia, como eu me sentiria no pódio, o que faria…
Não soube até o último momento, até que John Carlos [bronze] me disse no túnel de saída.

P. Sua mulher já havia comprado umas luvas negras.

R. Sim, havia algo previsto, ainda que não soubéssemos muito bem o quê. Foi um gesto de um impacto mundial. Não era só o grito de dois negros pela cor de sua pele, mas fizemos isso pelos direitos da humanidade.

P. Convenceram o australiano Peter Norman [prata] a usar o adesivo da OPHR?

R. Sim, mas eu não queria que um homem branco o usasse. O Projeto era para todas as pessoas do mundo, negras ou brancas, e eu não queria que ninguém tivesse problemas por causa disso. A idéia de que Norman usasse o adesivo foi de John Carlos e ele também quis usá-lo sobre o escudo do comitê australiano. Eu conhecia a história da Austrália sobre como eles haviam tratado os aborígenes. Sabia que isso podia ser um problema para ele porque seria interpretado como se ele estivesse do lado dos negros dos Estados Unidos. E foi isso que aconteceu. Assim como nós, ele foi expulso da Vila Olímpica, maltratado em seu país, segregado socialmente.

tommiesmith2P. O senhor teve medo quando fechou e ergueu o punho?

R. Tive medo minha vida inteira. Não é uma coisa que se supera em dois ou três anos. Os jovens afro-americanos, ainda hoje, são alvo nos Estados Unidos, simples assim.

P. Nada mudou?

R. Claro que sim, muitas coisas. Nosso presidente-eleito, Barack Obama, é afro-americano. E isso não foi uma coisa que aconteceu em um dia. Lutamos por uma melhora e, como conseqüência dessa luta, agora há um presidente negro. Foi um processo muito lento. Isso não quer dizer que tudo vai bem. Mas, graças à forma que Obama pensa sobre a mudança social, a luta não terminou. Apenas acabou de começar.

P. Como sua vida mudou depois do gesto?

R. Tudo mudou para sempre. Recebemos ameaças de morte, cartas, telefonemas… Depois dos Jogos Olímpicos, todos os meus amigos desapareceram. Tinham medo de perder suas amizades brancas e seus empregos. Eu tinha 11 recordes mundiais, mais do que qualquer pessoa no mundo, e o único trabalho que encontrei foi lavando carros num estacionamento. E me mandaram embora porque meu chefe disse que não queria que ninguém trabalhasse comigo. Não queria que alguém que defendesse a igualdade de direitos estivesse em sua equipe.

P. Ninguém o ajudou?

R. Todo mundo tinha muito medo. Meus irmãos foram expulsos do colégio.
Outros, que estavam na equipe de futebol da universidade, foram proibidos de competir por causa do que eu fiz.

P. Você chamou os membros do COI [Comitê Olímpico Internacional] de estúpidos. Ninguém lhe pediu desculpas?

R. Não, nunca. Em particular me dizem: “Sinto muito pelo que lhe fizeram, foi uma pena…”. Mentira. Destruíram minha vida, a de John, a de Norman… A esposa de John se suicidou, eu me divorciei… Tudo por pedir que as pessoas sejam iguais. O COI permitiu tudo isso e o comitê norte-americano não fez nada para impedi-lo.

P. O senhor ainda vê racismo no esporte?

R. Enquanto o homem existir, haverá racismo. Temos um presidente negro e já avançamos muito, mas isso não quer dizer que tudo o que é negativo tenha sido eliminado.

P. Quando olha para trás, sente orgulho de sua vida?

R. Tenho muito orgulho. Meus pais lutaram muito para que fossemos adiante trabalhando. Minha força vem da minha origem. Minha força nasce da minha base pessoal e familiar. Nada pode destruir como eu me sinto.

P. O senhor ainda corre?

R. Sim, tenho uma academia na minha casa. Saio para correr no parque da Geórgia. Há muitos caminhos que antes eram locais de reunião da Ku Klux Klan. Os negros não podiam pisar nesses parques do sul dos Estados Unidos e hoje eu moro lá. Agora vivemos onde queremos e não onde nos colocam. E viajo pelo mundo inteiro para contar a minha vida.

P. O que significa a eleição de Obama?

R. Precisamos de uma mudança assim. Não porque ele seja negro, mas sim pelo que representa, a luta de toda a minha vida.

Tradução: Eloise De Vylder

Fonte: El País

Retirado de: http://www.geledes.org.br/em-debate/

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Por: Mario Roberto Dutra Pereira
“Farinha pouca, meu pirão primeiro”: a lógica anti-classista na Regulamentação da Profissão do Historiador.

No último mês fomos surpreendidos com a aprovação do Projeto de Lei do Senado que regulamenta a profissão de Historiador. De autoria do Senador Paulo Paim, o projeto foi aprovado na Comissão de Assuntos Sociais de forma terminativa, ou seja, ele não precisou passar pelo plenário da Casa. Agora o projeto segue para a Câmara Federal para a apreciação dos deputados.Mas o que significa regulamentar a profissão de Historiador?

A regulamentação de uma profissão é só a criação de um estatuto jurídico que permite fixar os requisitos para o exercício da mesma. No caso da História, o requisito central é a formação universitária, o diploma de historiador(1). Desta forma, a defesa da regulamentação da profissão se pauta no combate aos leigos, ou seja, os não-formados em História (embora possam ter outra formação, como sociólogos, geógrafos, filósofos, etc…). Este debate esteve em voga recentemente quanto a necessidade ou não da diplomação em jornalismo, para exercício do mesmo.

Mas o que está em jogo?

Os defensores da Regulamentação afirmam que ela seria uma forma de garantir espaço no mercado de trabalho para os formados na área. Vejamos:

“[…] a regulamentação da profissão de historiador poderia abrir novos espaços ou talvez, sendo mais exata, tal arcabouço jurídico venha sendo requerido para que se garanta a presença desse profissional em atuações que vêm sendo geradas e também são geradoras por/de novos espaços que poderiam ser um ponto de mudança em nossa profissão. É notório como o conhecimento histórico tem ocupado espaços na publicidade, nas produções televisivas, cinematográficas, jornalísticas, como empresas privadas e públicas têm se preocupado com organizações de memoriais etc.”(2)

A citação acima, de uma historiadora e defensora da regulamentação, é clara quanto a defesa de um marco regulatório para o preenchimento de vagas no mercado de trabalho para os historiadores. Tal argumentação se pauta em uma lógica perversa: a de que o exercício do ofício de historiador é exclusividade do diplomado em História. A lógica é perversa porque parte de um pressuposto corporativista, no mais puro sentido medieval do termo(3). A saída apontada pelos defensores da regulamentação é opor trabalhador contra trabalhador na busca por postos de trabalho, já escassos e com uma perspectiva bem limitada de ampliação.De fato, devemos nos preocupar com o campo de trabalho para o contingente de historiadores que ano a ano saem das universidades. Porém, não podemos, nem de longe, culpar os ditos “leigos” pela falta de oportunidades de emprego.

No movimento para gerenciar suas crises – próprias de seu metabolismo – o capitalismo apresenta diversas conseqüências drásticas para a classe trabalhadora, entre elas a formação do chamado exército industrial de reserva(4) e o processo de precarização generalizada do trabalho. A regulamentação profissional não resolve estas questões. Mesmo que confiemos nas visões apologéticas dos defensores da regulamentação de que esta abriria novos campos de trabalho, nada nos garante que estes espaços não sejam precarizados.

É inevitável: nosso maior campo de trabalho ainda é o magistério. A docência continua absorvendo a imensa maioria dos graduandos e pós-graduandos em História. E esta área não precisa de regulamentação. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, com a exigência de licenciatura plena, já cumpre esse papel. As outras áreas de atuação são espaços supostamente “emergentes”. As poucas oportunidades de emprego que existem na área de pesquisa e patrimônio, quando não no serviço público, são quadros temporários e de baixa remuneração. A regulamentação não evita a precarização do trabalho. Repetimos, a regulamentação apenas delimita quem pode e quem não pode trabalhar em determinada função.

Nossa luta deve ser em defesa da regulamentação do trabalho(5), pela diminuição da carga horária e contra a retirada de direitos. Regulamentar uma profissão nada mais faz do que fragmentar a luta geral da classe trabalhadora. Esse desentendimento entre trabalhadores só traz benefícios à burguesia, e nós alertamos que somente o entendimento e a organização dos trabalhadores, historiadores ou não, trará condições para que se reverta esse quadro de total exploração.

Desta forma, nos posicionamos de forma contrária à regulamentação da profissão de Historiador. O fazemos porque nossas posições estão intrinsecamente ligadas ao projeto histórico da classe trabalhadora, em defesa de sua emancipação e da luta por, finalmente, alcançar uma sociedade socialista, uma sociedade em que a exploração e a injustiça tornar-se-ão coisas do passado bárbaro e capitalista.

Notas:

1: “Art. 3º O exercício da profissão de Historiador, em todo o território nacional, é privativa dos: I – portadores de diploma de curso superior em História, expedido por instituições regulares de ensino; II – portadores de diploma de curso superior em História, expedido por instituições estrangeiras e revalidado no Brasil, de acordo com a legislação; III – portadores de diploma de mestrado, ou doutorado, em História, expedido por instituições regulares de ensino superior, ou por instituições estrangeiras e revalidado no Brasil, de acordo com a legislação.” Brasil, Projeto de Lei do Senado, n° 368, de 2009, Regula o exercício da profissão de Historiador e dá outras providências. Brasília, Senado Federal, 2009.

2: OLIVEIRA, M. M. D. de. Licenciado em História, Bacharel em História, Historiador: desafios e perspectivas em torno de um profissional. Disponível em: http://www.anpuh.uepg.br/historia-hoje/vol1n4/licenciado.html

3: Na idade média as chamadas “corporações de ofício” eram associações tipicamente urbanas, integradas por grupos de artesãos que se dedicavam a um mesmo tipo de atividade produtiva. O trabalho artesanal assim regulamentado eliminava quase que por completo a concorrência e a competição econômica entre aqueles que desempenhavam uma mesma atividade produtiva (ofício). A terminologia ao longo da história foi mudando de significado, mas mantém um mesmo cerne: uma forma associativa que tem por objetivo assegurar privilégios e proteção para seus membros.

4: “Toda forma de movimento da indústria moderna nasce, portanto, da transformação constante de uma parte da população trabalhadora em desempregados ou parcialmente empregados.” (MARX, Karl. O Capital, capítulo XXIII, Livro I, Vol 2). Para Marx, o exército industrial de reserva, suas formas de existência e sua importância no sistema capitalista, é a lei geral, absoluta, da acumulação capitalista. Os métodos de produção da mais valia são os métodos da acumulação, e todo aumento da acumulação torna-se meio de desenvolver aqueles métodos.

5: A regulamentação do trabalho consiste em uma estratégia de defesa dos interesses imediatos dos trabalhadores e trabalhadoras que passa pela reivindicação da formalidade do trabalho e conquistas nesse campo, ou seja, carteira assinada, salário, férias, décimo terceiro, licença maternidade, entre outros.

Fonte: Blog do ENEH 2010 – http://www.eneh2010.blogspot.com/

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Jornal do CAHIS – Edição N. 0

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